Com um olhar pragmático sobre a investigação enquanto ferramenta para ajudar a resolver os problemas das empresas, Pedro Quelhas Brito é autor de vários livros e já participou em mais de 50 projetos de investigação. Tendo especializado a sua investigação na psicologia do consumidor nos setores do turismo, retalho e novos media, aproveitámos para conversar com o Professor Quelhas Brito sobre as principais tendências atuais no tecido empresarial em Portugal e quais as mudanças que prevê num mundo pós-COVID.


1. O Professor tem uma vasta formação académica e é professor universitário há mais de 20 anos. O que é que o levou a optar pela carreira académica?

Licenciei-me na Universidade Técnica de Lisboa-Instituto Superior de Agronomia. Depois de uma Pós-Graduação em Economia Agroalimentar em Montpelier fiz o mestrado em Economia na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e, no final dos anos 90, o Doutoramento na University of Manchester – Institute of Science and Technology.

Antes de docente sou cientista. Ou seja, contribuo para o conhecimento e tecnologia. Gosto de formar equipas de investigadores e acompanhá-los e estimulá-los nessa descoberta e formatá-los para o rigor e método. E depois vêm os projetos mais práticos para resolver problemas das empresas. Agradam-me esses desafios porque aprendemos e temos que ser humildes e criativos. As soluções têm que funcionar, ser rentáveis.

2. Até hoje, qual foi o projeto de investigação mais interessante no qual participou?

Como sou engenheiro agrada-se medir e testar a eficácia das tecnologias digitais. Concretamente, se colocarmos um produto ou marca num videojogo será que o jogador/consumidor se lembra? Terá mais tendência a comprar essa marca? O mesmo princípio se aplica quando uso realidade aumentada ou robôs/humanoides. Por isso pertenço ao INESC-tec/LIAAD (Laboratório de Inteligência Artificial e Análise de Dados).

3. E olhando para o futuro, que tendências é que acha que iremos observar no tecido empresarial em Portugal nos próximos anos?

Há cada vez mais quadros qualificados com formação superior – logo recursos humanos melhor preparados. A substituição do trabalho pelo capital devido às tecnologias obriga a reformular a oferta para negócios mais baseados no conhecimento, em consequência, na inovação. Já demos provas de reinventar as ditas indústrias artesanais/tradicionais – aqui a criatividade e o design são o elemento-chave. Temos já 4 unicórnios mas também enormes disparidades regionais – especialmente litoral vs. interior.

Sou otimista. Acredito e desejo a aposta do crescimento orgânico e menos no IDE. Mais investimento nos bens transacionáveis para as exportações e na investigação e desenvolvimento nacional, na abertura ao talento nacional emigrado e estrangeiro.

4. A atual pandemia criou um cenário muito desafiante para muitas empresas em Portugal. O que acha que as empresas podem fazer para superar os desafios desta crise?

No debate que fizemos na Porto Business School entendemos que esta situação projetou a biotecnologia e acelerou a dita transformação digital na economia. Como temos dificuldade em aprender com as crises restam alguns hábitos de vida online que as empresas devem capitalizar através do comércio eletrónico. A melhor forma de valorizar as coisas é a sua privação. E isso talvez ajude a perceber as vantagens e a inevitabilidade da sustentabilidade.

Fazer mais com menos. Se pudermos trabalhar menos até conseguimos ser mais produtivos – não é o facto de estarmos longas horas no escritório que traz mais resultados. Descobrimos a viabilidade do teletrabalho pelos menos em regime parcial. Quanto ao turismo irá regressar ainda com mais força especialmente se a TAP retomar as rotas das Américas – Norte e Sul. Vamos ter que reforçar o investimento empresarial e pessoal na reciclagem formativa. Aprender sempre para inovar arriscando – é o segredo da competitividade.


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— Entrevista por Inês Pinto